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Leda Cruz - Telling Stories

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:: 9.3.06 ::
BLOG CONGELADO


Joaquin Phoenix - imagem tirada do site do filme "Walk the Line"

Queria muito que o Joaquin Phoenix tivesse ganho o Oscar de melhor actor. Porque gosto especialmente do seu desempenho no filme Walk the Line, onde ele faz de Johnny Cash, um dos meus músicos preferidos de sempre. É fantástico, que não há no filme, a intenção de transformar Joaquin Phoenix em Johnny Cash. É ele a fazer o outro. Os gestos são os dele, Joaquin, e a voz tambem, porque é ele quem canta e toca as musicas de Mr. Cash. A historia, quem já é iniciado sabe, quem não é, penso que deveria ir ver o filme.
Quando saí da sala em que vi o Brokeback Mountain, lembrei-me, dadas às circunstancias dos dois filmes estarem em cartaz ao mesmo tempo, que aquele filme poderia ser uma canção do Johnny Cash. Há uma dor similar a trespassar os dois filmes, são as feridas abertas de uma mesma América, a América profunda.
Brokeback Mountain é o filme que tem provocado em muitos um nervoso miudinho e piadas de gosto duvidoso. É o filme que as pessoas insistem em não se reverem porque só querem ver dois cowboys gays. Eu vi a historia de um homem que não se permitiu amar aquele amor que ele próprio achava impossível, Ennis Del Mar não soube romper com as suas próprias impossibilidades, ele não tinha armas para matar os seus fantasmas, por isso não foi viver com o Jack.( "... and it burns, burns, burns...") Vi a historia de um homem e a sua auto-punição. Poderia ser a historia de um dos nossos amigos ou a de qualquer um de nós. O que este filme, baseado num pequeno conto, nos mostra é uma historia tão natural quanto possivelmente verdadeira e quotidiana. Há certamente milhões de amores impossíveis e renunciados. O próprio cinema está povoado deles... quem não se lembra de Francesca Johnson, a dona de casa que vive uma grande paixão pelo fotografo da National Geographic, em The Bridges of Madison County, e que não foi capaz de segui-lo, ficando com a lembrança e a dor daquele amor não vivido. Eu penso que deveríamos ver os filmes como um lugar onde a vida também acontece... afinal não é a arte que imita a vida?


Leda Cruz :: 9:09 PM :: comente ::
:: 4.1.06 ::

pentax 430RS --------- © ledacruz

Para Itana, no seu dia


Camaleão

Este vive de ar, e está à mercê de todas as aves; e para ficar mais a salvo, voa por cima das
nuvens até encontrar o ar tão fino que não possa suster pássaro que o persiga.
A esta altura só chega quem pelos céus é autorizado, e aí voa o camaleão.

Leonardo da Vinci
Bestiário, Fábulas e Outros Escritos

Retirado do Imaginário - Assírio & Alvim
2006, janeiro, 4 - quarta-feira


Leda Cruz :: 11:20 PM :: comente ::
:: 22.12.05 ::

aquarela sobre papel de seda

" O terceiro anjo tocou a trombeta e caiu do céu uma grande estrela, ardendo como uma tocha,
sobre a terça parte dos rios e das fontes.
O nome da estrela era Absinto. A terça parte das águas transformou-se em absinto e morreram
muitos homens, porque a água se tornou amarga."


Apocalípse 8, 10

Leda Cruz :: 2:01 AM :: comente ::
:: 6.10.05 ::



... e o poder corresse neles, incessante, num insondável quarto,
as imagens alinhando-se num incendio:
gárgulas, maquinas redondas, os rostos giratórios.
e que em noites soldadas pela respiração nó a nó,
sobre os lençois brilhando no seu arrepio de ouro ...,

herberto helder

Leda Cruz :: 5:45 PM :: comente ::
:: 14.9.05 ::


o olhar - e o corpo todo.


Leda Cruz :: 9:16 AM :: comente ::
:: 28.8.05 ::


Estive muito tempo ausente do blog.
De inicio por causa do trabalho aliado a uma certa indisciplina, depois foram as férias e as viagens.
Estou de volta. Tentarei ser mais regular.


Leda Cruz :: 12:42 PM :: comente ::
:: 25.6.05 ::

Convite - Exposição Leda Cruz - click para ampliar

Os trabalhos de Leda Cruz, testemunhos de maior intimidade, são fiéis ao seu discurso
sobre a ideia de corporalidade assente num imaginário feminino e não feminista.
O observador é conduzido até um espaço de privacidade, presenciando momentos e gestos identificados com o universo da feminilidade. À semelhança dos seus mapas impressos em papel de seda e nos quais a intersecção de conceitos, linhas e formulas
concorre para decifrar esse universo, Leda Cruz manipula e transforma objectos femininos concedendo-lhes um outro significado. Habituada a associar os mais diversos materiais, como tecidos, arames e vidros, Leda cria peças que geram uma inquieta perturbação sobre o seu possível uso.
Barbara Coutinho*

Texto retirado do livro "Umbigo - Coordenadas do corpo na arte contemporânea"
Editado pela Revista Umbigo - Lisboa 2005

* Mestre em História da Arte Contemporânea.
Coordenadora do Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém.


Leda Cruz :: 10:34 AM :: comente ::
:: 24.5.05 ::

página do meu 'artist book'


(...)
Quem segurava o gato debaixo das facas dos companheiros de brincadeira era eu
Eu atirava a sétima pedra ao ninho das andorinhas e a sétima pedra era aquela que acertava
Eu ouvia os cães ladrarem na aldeia quando havia lua
Branca contra a janela do quarto no sono
Eu era um caçador perseguido por lobos sózinho com lobos
Antes de adormecer ouvia às vezes nas cachoeiras os cavalos gritarem.
(...)

Heiner Müller - Anúncio de Morte


Leda Cruz :: 11:46 AM :: comente ::
:: 9.5.05 ::


CORRENTE LITERÁRIA


Fui indicada pelo meu amigo Roberto Maxwell para participar da Corrente Literária que anda a circular no 'mundo blogger'. Sinto-me honrada e agradecida.

A minha resposta:

Comecei a ler muito cedo, antes mesmo de poder compreender aquilo que lia. Lembro-me de pegar um livro e de sentar "nos degraus da porta de casa" (esta frase é de Fernando Pessoa) nos fins de tarde e de ficar a ler, ou a fingir que lia. Punha uns óculos daqueles de plásticos para ganhar um 'ar intelectual' e mergulhava num universo de palavras incompreensíveis. Portanto, estava a brincar de ler, tinha os meus 5 anos... mais tarde, comecei a ganhar revistas em quadrinhos ( Bandas Desenhadas, em Portugal), tinha de ser sempre dois exemplares iguais porque depois de lidas as revistas, eu recortava a historia, colava em tiras de papel e montava um filme. O 'cinema' era feito de uma caixa de sapato com um recorte a servir de tela e uma manivela para rodar a tira, ia girando lentamente e narrando a historia. Havia uma plateia assídua que até hoje não sei se era por causa dos meus 'filmes' ou pelo lanche que a minha mãe oferecia.
Estou a contar esta historia porque uma das razões que levou o RMaxwell a me convidar, foi a sua curiosidade em saber que livros "inspiram o meu olhar fotográfico" . Eu diria o olhar artístico, mais que especificamente o olhar fotográfico. Realmente, muito do meu trabalho passa pelos livros que leio. Há um complementar constante feito com as palavras dos meus poetas e escritores preferidos. Há um permanente fazer 'filmes' com as palavras que leio.

1. Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?

Esta pergunta é de matar! Tenho de por de lado toda a modéstia, claro, para poder dizer que se pudesse ser livro, seria muitos. Durante uma boa parte do ano seria o Livro do Desassossego de Fernando Pessoa. Para mim um dos mais belos livros escrito na nossa língua, escolho-o por toda inquietude que me provoca, pela sabedoria que encerra, pelo belíssimo título e por tudo isso é um dos livros que me acompanha. Tenho por hábito ou por necessidade, abri-lo aleatoriamente todos os dias, e ler a página que calha, como quem abre um daqueles livros de sabedorias. Nas férias poderia ser algo mais leve, como as longas saias de seda esvoaçante... então seria A Louca da Casa de Rosa Montero, um belo ensaio sobre a escrita. Nas noites frias, seria um poema erótico de Eugénio de Andrade, nas manhãs claras de primavera, poderia ser As Elegias de Duíno de Rainer Maria Rilke. Durante as travessias do deserto, seria As Cidades Invisíveis de Ítalo Calvino, ou as suas Seis Propostas para o Próximo Milénio .
Através da literatura podemos ser tudo o que quisermos ser, podemos viajar por todos os lugares que sonharmos, podemos criar o mundo e salva-lo... e eu ainda teria tempo para ser as Mil e Uma Noites...

Nota: uma referência ao 'Fahrenheit 451'
Penso que não há temperatura (em Fahrenheit ou Celsius), suficiente para queimar as idéias quando elas são partilhadas.
E como diz a escritora espanhola Ana Maria Matute: "siempre habrá un poeta para salvarme"

2. Já alguma vez ficaste apanhadinho(a) por um personagem de ficção?

Não me recordo de tal paixão por uma personagem. Fico 'apanhada', sim por um determinado livro. Leio, releio, sublinho, faço notas, recomendo a toda a gente. Recentemente me apaixonei por A Louca da Casa. Ou então me apaixono por um autor ao ponto de ler de 'carreirinha' tudo o que ele/ela escreveu. Foi assim com Guimarães Rosa, Anais Nin, Al Berto, Borges, Sylvia Plath e com uns outros tantos... está sendo assim com Paul Auster.

3. Qual foi o último livro que compraste?

Entro numa livraria e compro como quem compra comida e água às vésperas de uma catástrofe anunciada. Portanto foram 5: Eu Hei de Amar uma Pedra de António Lobo Antunes, Cartas de Aniversário de Ted Hugues, Noite do Oráculo de Paul Auster, Globalização Cultural de Alexandre Melo e Portugal, Hoje - O Medo de Existir de José Gil ( todos os livros são edições Portuguesas)


4. Qual o último livro que leste?

A Campânula de Vidro de Sylvia Plath ( The Bell Jar). Leio e releio Sylvia Plath porque uso muitos dos seus textos no meu trabalho.

5. Que livros estás a ler?

Nunca leio um livro de cada vez. Procuro ler sempre uma ficção e um ensaio em simultâneo. Terminei recentemente a Campânula de Vidro, que já referi, e vou começar A Noite do Oráculo que tambem já referi. Entre os ensaios estou lendo Portugal, Hoje -O Medo de Existir do filósofo José Gil ( um livro sobre historia das mentalidades)
Leio tambem catálogos de exposições: o mais recente: o fabuloso Bodylandscapes de Rebeca Horn.
E leio poesia diariamente... sempre, sempre, sempre ...


6. Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?

Detesto ter de escolher, detesto qualquer coisa que possa parecer definitiva. Por opção nunca iria para uma ilha deserta e se fosse, não ficaria mais que uma semana.
Levaria:
Livro do Desassossego de Fernando Pessoa - por tudo o que já disse.

Este Ofício de Poeta de Jorge Luís Borges - pelas lições sobre literatura.

Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa - por ser o meu escritor brasileiro preferido e por retratar o Brasil que mais amo e respeito: o sertão e sua gente.

Fragmentos de um Discurso Amoroso de Roland Barthes - pelo elogio ao amor.

Poema Contínuo de Herberto Hélder - por ser poesia e ser contínua, porque a poesia é absoluta, nunca acaba e se renova a cada leitura, a cada reflexão, a cada momento.

Levaria ainda, escondido no fundo da mala, mesmo quebrando as regras desta corrente, (5 livros) - Notas de Cozinha de Leonardo da Vinci - por pura graça. Muitos dos utensílios de cozinha que ainda usamos foram criados por Leonardo... o cozinheiro, o dono de uma estalagem, o inventor do spaghetti... É um livro delicioso!

7. A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e por quê?

Vou passar a:

Alê - Muitas de Mim - A menina que criou o grupo 'Tricoteiras de Sampa' para ajudar a aconchegar aqueles que precisam. Quais serão os livros que acompanham os seus pensamentos enquanto tricota?

Fao - Cartas a Van Gogh - O que lê o meu amigo poeta?

Odyseo - Viage a Itaca e El Viage de la Vida - O meu amigo espanhol, porque eu realmente gostaria de saber o seu gosto literário e para que esta corrente atravesse mais uma fronteira.


Leda Cruz :: 3:44 PM :: comente ::
:: 26.4.05 ::

veja aqui o meu "diary project"

(...)
porque a razão possui uma natureza escrupulosa e laboriosa e esforça-se sempre por encher de causas e efeitos todos os mistérios com que depara, ao contrário da imaginação ( a louca da casa, como lhe chamava Santa Teresa de Jesus) que é pura desmesura e deslumbrante caos.
(...)

A Louca da Casa
Rosa Montero
asa editores - Porto 2004

Leda Cruz :: 7:26 PM :: comente ::
:: 7.4.05 ::

veja aqui o meu "artist book"

HORTO

homens cegos procuram a visão do amor
onde os dias esgueram esta parede
intransponível

caminham vergados no zumbido dos ventos
com os braços erguidos - cantam

a linha do horizonte é uma lâmina
corta os cabelos dos meteoros - corta
as faces dos homens que espreitam para o palco
nocturno das invisíveis cidades

escorre uma linfa prateada para o coração dos cegos
e o sono atormenta-os com os seus sonhos vazios

adormecem sempre
antes que a cinza dos olhos arda
e se disperse

no fundo do muito longe ouve-se
um lamento escuro
quando a alba se levanta de novo no horto
dos incêndios

prosseguem caminho
com a voz atada por uma corda de lírios
os cegos
são o corpo de um fogo lento - uma sarça
que se acende subitamente por dentro


Al Berto
in: Horto de Incêndios
Lisboa, Março 1997

Veja site sobre a Casa da Musica - Porto

Leda Cruz :: 10:55 AM :: comente ::
:: 16.3.05 ::



O monte Kilimanjaro está sem neve e gelo pela primeira vez nos últimos 11 mil anos. Segundo a organização Climate Change, que distribuiu a fotografia aos ministros da Energia e do Ambiente que estão reunidos em Londres para discutir as alterações climáticas, este facto confirma a rápida mudança em curso sobre o maciço vulcânico, que tem 5892 metros e está situado entre o Quénia e a Tanzânia.






click na imagem

Leda Cruz :: 6:06 PM :: comente ::
:: 8.3.05 ::

8 de Março - Dia Internacional da Mulher ---- Mix de imagens de uma performance que fiz.

I do not stir.
The frost makes a flower,
The dew makes a star,
The dead bell,
The dead bell.

Somebody's done for.


Sylvia Plath


STOP VIOLENCE AGAINST WOMEN

Leda Cruz :: 6:36 PM :: comente ::
:: 22.2.05 ::

mix - ledacruz - fotografia do cartaz do filme e o meu bilhete do cinema no Porto


A magnífica filmografia de Clint Eastwood vem caminhando para a depuração. Já tínhamos visto isto em Mystic River e constatamos agora neste sublime Million Dollar Baby. Neste filme nada é excessivo. Não há nem um raio de luz, nem uma palavra ou um gesto a mais, o que importa é apenas a narrativa e isto é soberbo!
Million Dollar Baby é um desses filmes que nos arrebata e espanta. Começa com a simplicidade de um lugar-comum: uma mulher que quer ajuda para perseguir o seu sonho e um homem que já receia ajudar. A linha narrativa percorre a moral deste homem que parece carregar todos os pecados do mundo, que guarda em si uma enorme culpa.
Seria um pecado falar mais sobre o filme, pois estragaria a expectativa de quem ainda não o viu e que possa estar a ler este post.
Vale dizer que é um belo filme e que na sua simplicidade mostra a enorme densidade humana. Onde o homem se assemelha a Deus e que "Tough ain't enough" (ser duro não basta).


Links:
Clint Eastwood
Million Dollar Baby


Leda Cruz :: 5:01 PM :: comente ::
:: 14.2.05 ::

© ledacruz

Uma voz longe de um corpo.

Corpo:
não me habites
eu ainda não estou pronta
para a densa seriedade que tu exiges.

A voz.


texto: Ondjaki

...


A minha participação no Projecto Tsunami Quilt


Leda Cruz :: 9:53 AM :: comente ::
:: 17.1.05 ::

© ledacruz - Pentax Optio 430RS - sem nenhum tratamento digital
Paisagem algures entre Coimbra e Porto fotografada da janela do Alfa-Pendular na viagem
Lisboa - Porto --- 12.01.05

Um livro como um rio, uma janela como um sopro, um corpo como um vaso, um astro como uma raiz, um gesto como um barco, uma mão como uma onda, um pulso como o amor, a primeira praia que bafeja o braço como o universo, uma colina como longos cabelos, as veias como caminhos de pó, uma vela como uma língua, uma chama como sede, um cadáver como uma nuvem, a terra como uma pupila, um bosque a ouvir como chamamento, o poema como água feroz.

A beleza secreta e inteira à tua procura.


Leda Cruz :: 12:48 PM :: comente ::
:: 3.1.05 ::

© ledacruz --- fotografias e montagem


Estou sem palavras.
As juras, as promessas, os planos já não me bastam. Agora eu preciso de acções!



Leda Cruz :: 8:47 AM :: comente ::
:: 25.11.04 ::

Lomo Compact Automat ----- © ledacruz

(...)
Minha cabeça estremece com todo o esquecimento.
Eu procuro dizer como tudo é outra coisa.
Falo, penso.
Sonho sobre os tremendos ossos dos pés.
É sempre outra coisa, uma
só coisa coberta de nomes.
E a morte passa de boca em boca
com a leve saliva,
com o terror que há sempre
no fundo informulado de uma vida.

Sei que os campos imaginam as suas
próprias rosas.
As pessoas imaginam seus próprios campos de rosas.
E às vezes estou na frente dos campos
como se morresse;
outras, como se agora somente
eu pudesse acordar.

Por vezes tudo se ilumina.
Por vezes sangra e canta.
eu digo que ninguém se perdoa no tempo.
Que a loucura tem espinhos como uma garganta.
Eu digo: roda ao longe o outono,
e o que é o outono?
As pálpebras batem contra o grande dia masculino
do pensamento.

Deito coisas vivas e mortas no espírito da obra.
Minha vida extasia-se como uma câmara de tochas.

- Era uma casa - como direi? - absoluta.
(...)

Herberto Helder
in: "Ou o poema contínuo"


........ .. ..........
Começo a desistir do meu "Kalarippayat"

Leda Cruz :: 2:23 PM :: comente ::
:: 9.11.04 ::


© ledacruz

Atrás dele o passado dá à costa, acumula entulho sobre as asas e os ombros, um barulho como de tambores enterrados, enquanto à sua frente se amontoa o futuro, esmagando-lhe os olhos, fazendo explodir como estrelas os globos oculares, transformando a palavras em mordaça sonora, estrangulando-o com seu sopro. Durante algum tempo vê-se ainda o seu bater de asas, ouvem-se naquele sussurrar as pedras a cair-lhe à frente por cima atrás, tanto mais alto quanto mais frenético é o escusado movimento, mais espaçadas quando ele abranda. Depois fecha-se sobre ele o instante: no lugar onde está de pé, rapidamente atulhado, o anjo sem sorte encontra a paz, esperando pela História na petrificação do voo do olhar do sopro. Até que novo ruído de portentoso bater de asas se propaga em ondas através da pedra e anuncia o seu voo.

Heiner Müller, 1958
..................................

"How To Dismantle An Atomic Bomb", o título do novo disco dos U2, tem suscitado diversas interpretações. Diz-se que é a extensão simbólica de algumas das letras mais politizadas do grupo, mas também que é uma alusão ao abalo sentido por Bono depois da morte do pai. Os próprios promovem a ambiguidade, perguntando a quem os quer ouvir "como se desactiva uma bomba atómica?". Ninguém tem resposta, a não ser Bono: "Amor. Com muito amor".

Fui corrigir um erro e ao reeditar este post perdi os comentarios. Pena!! Peço desculpas.

Leda Cruz :: 9:36 AM :: comente ::
:: 14.10.04 ::
Colombia: El cuerpo de la mujer, convertido en campo de batalla

En el curso de los 40 años del conflicto colombiano, todos los grupos armados - las fuerzas de
seguridad, los paramilitares apoyados por el ejército y la guerrilla - han abusado de las mujeres o las han explotado sexualmente y han tratado de controlar las esferas más íntimas de sus vidas.

Estas violaciones, cometidas tanto contra las civiles como contra las propias combatientes de los grupos armados, siguen ocultas tras un muro de silencio, alimentadas por la discriminación y la impunidad.

Las violaciones, homicidios y otras agresiones contra civiles perpetradas en el municipio de Tame, departamento de Arauca, a principios de mayo de 2003 - cometidas al parecer por soldados que se identificaron como paramilitares, provocaron el desplazamiento de más de 500 personas. En Parreros, hombres armados violaron y mataron a Omaira Fernández, de 16 años y embarazada, y luego le abrieron el vientre. "Ante los ojos de todos la abrieron. Los cuerpos de la muchacha y del bebé fueron lanzados al río".
Las fuerzas guerrilleras han sido también responsables de casos reiterados de violencia contra las mujeres, incluida la violación. Una mujer relató cómo había sido violada por presuntos miembros de las FARC: "El me violó y me dijo que eso era un recuerdito [...] para no meterse con los soldados!.
Pese a la gravedad de estos crímenes, no se han realizado esfuerzos efectivos para investigarlos en su integridad, para poner a los responsables en manos de la justicia ni para evitar que en el futuro vuelvan a ocurrir estas atrocidades.
Todas las partes contendientes en el conflicto están obligadas a actuar. Las fuerzas guerrilleras deben comprometerse a cumplir el derecho internacional humanitario. El gobierno colombiano debe actuar para prevenir y castigar todos los actos de violencia contra las mujeres. Sólo así podrá gozar el pueblo colombiano de la oportunidad de construir un futuro sin la amenaza de la violencia contra las mujeres.

Click aqui: Actua já para acabar a violencia contra as mulheres

AMNESTY INTERNATIONAL

Leda Cruz :: 4:41 PM :: comente ::
:: 27.9.04 ::

M. Night Shyamalan é um mestre. Os seus filmes são de um enorme rigor temático, quase únicos no cinema contemporâneo. Cria um cinema fantástico no seu mais puro sentido: o medo se desenvolve na própria mente do espectador através da sugestão. Sentimos medo do que não vemos. O seu mais recente filme, The Village, é o mais sugestivo filme americano no pós 11 de Setembro. Uma comunidade, numa América arcaica, inventa a sua própria inocência e para mante-la inventa o medo. Como numa fábula, a floresta é a fronteira onde vivem "aqueles de quem não falamos" e há um pacto que é quebrado.Não posso falar mais do filme, porque como no Sexto Sentido, também "A Vila" tem um "twist", uma reviravolta, quem ainda não o viu, tem de ir inocente. Para mim este é o mais belo filme de Night Shyamalan, cujo argumento, também de sua autoria, é uma poderosa metáfora sobre as tragédias do nosso tempo. Um dia destes, quando o filme já não for uma novidade, voltarei a escrever sobre ele, sobre a fábula e sobre o amor ser a única possibilidade de se vencer o mal.

Links
M.Night Shyamalan
The Village - Trailers
The Village - Site Oficial

Outras Coisas:

* O sistema de comentários do Blogger Br deu agora pra sumir....




** Travelling Journal Project - Participe.



Leda Cruz :: 1:20 PM :: comente ::
:: 9.9.04 ::




Este homem chama-se Merham Karimi Nasseri, nasceu no Irão e vive no Terminal 1 do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, desde 26 de Agosto de 1988. Por razões políticas tinha sido expulso do seu País e vivia na Bélgica sob o estatuto de exilado político, desde 1981. Por razões pessoais resolveu viajar para a Inglaterra, mas antes fora até Paris para daí seguir viagem, onde diz que perdeu a mala que continha todos os seus documentos, mesmo assim tentou seguir a sua viagem sendo, portanto, detido no Terminal Internacional do Charles de Gaulle. A França não podia extradita-lo para o Irão devido ao seu estatuto de exilado político, por não possuir documentos não pode seguir para Inglaterra, não pode ficar na França nem voltar para a Bélgica. Aqui começa o seu impasse. Através de um advogado a serviço dos Direitos Humanos tenta lutar contra a burocracia destes países durante anos. Ao fim de oito anos, a Bélgica permitiu que pudesse viver naquele país em regime de prisão domiciliária. Nasseri recusou esta proposta, preferiu permanecer no aeroporto a ir viver sozinho e isolado num apartamento, numa qualquer cidade belga. Em Setembro de 99 recebe finalmente permissão de residência na França e a liberdade para viajar, mas ele recusou-se a assinar este compromisso porque a sua nacionalidade vem registada como iraniana e ele diz ter nacionalidade inglesa, preferindo mais uma vez permanecer no aeroporto. Vemos a partir desse momento que ele recusa ser ajudado, está preso a um lugar transitório, está preso a uma impermanência, num estado de suspensão. Um aeroporto é um lugar de passagem, ou melhor: é um "não-lugar", segundo uma teoria antropológica da sobremodernidade. O aeroporto é um lugar onde 'se vive' numa constante relação com o tempo: Chegar e/ou partir. Nunca ficar. Obedecemos regras e códigos particulares, entramos em filas, seguimos setas que indicam portas, entradas e saídas, somos revistados, analisados, sonhamos com os países exóticos dos destinos indicados, etc...Queremos ir para algum lugar ou respiramos aliviados se estamos voltando para casa. É tudo isso que torna trágica e triste a historia deste homem.
O Cineasta americano, Steven Spielberg, no seu mais recente filme, The Terminal, conta a história de um homem que fica retido no aeroporto JFK, de New York, porque o seu país deixara de existir depois de um golpe político, é uma história semelhante à de Merhan Nasseri, na verdade é esta a historia que está por detrás do argumento do filme. Spielberg foi a Paris, entrevistou Nasseri e as pessoas com quem ele convive no aeroporto e para além de não fazer nenhuma referência à verdadeira história, quer na ficha técnica, quer nas inúmeras entrevistas que tem dado sobre o filme, Spielberg limitou-se a fazer uma comédia, com um frágil argumento, cheia de clichês, encontros e até um romance. Nasseri, segundo dizem os médicos do aeroporto, foi ao longo dos anos perdendo as suas capacidades mentais, é um homem extremamente asseado e triste que passa o dia sentado no "seu canto" a ler e a escrever um diário. Já não sabe viver outra vida. Vai até a porta do Terminal respira o ar que vem de fora e volta para tras. Nunca saiu. Sir Alfred, como é conhecido no aeroporto, vive daquilo que lhe oferecem, come a comida oferecida pelos restaurantes, lê revistas e livros emprestados das lojas, veste o que lhe dão. Agora já recebe algum dinheiro enviado por pessoas que querem lhe ajudar. Vive alí, calmo e silencioso, sentado num banco com toda a sua 'bagagem' ao lado, como se estivesse à espera de um voo que está irremediavelmente atrasado.


Leda Cruz :: 10:48 AM :: comente ::
:: 23.8.04 ::




Cirurgia Mutante
Um novo disco da "voz-linha-cirurgica-de-sutura" para a pele invisível de um corpo mutante.

John Tavener, compositor clássico britânico, é muito, muito alto. Tem 60 anos e ainda não parou de crescer, porque sofre de um síndroma que não lhe inibe a produção de somatotrofina, a hormona do crescimento. Tem uma especial predilecção por vinho tinto da Grécia e também - uma coisa vai com a outra - por ícones religiosos da tradição grega ortodoxa. Quando se encontrou pela primeira vez com Björk (para quem, juntamente com o Brodsky Quartet, escreveu recentemente a peça Prayer of the Heart), partiu uma garrafa de vinho sobre a esquina da mesa e perguntou-lhe: «Então, o que pensas sobre a morte?»
Björk tem quase 39 anos, é muito pequena, mas também ainda não parou de crescer. Não no sentido físico, claro. Mas só pode falar-se de crescimento a propósito de alguém que, de disco para disco, de concerto para concerto, de versão para versão, é fisiologicamente incapaz de se repetir. Escutem-se todos os álbuns, compare-se a forma como todas as canções de DVD para DVD, se transformam (muito), espreite-se depois para os "bootlegs" avulsos (não chega a ser preciso, pois em relação a praticamente todos ela tratou de pôr à disposição a correspondente gravação 'oficial'), e é difícil encontrar duas (três nunca) interpretações, vá lá, parecidas. Porque, parece, se aborrece com a repetição. O aborrecimento, como se sabe, é a natureza (não a segunda natureza, a primeira) de quem só se sente bem onde já não está. E Björk já não está há muito tempo em Debut, Post, Homogenic, ou sequer em Vespertine. Ainda está, por pouco tempo (nem deverá haver concertos), em Medúlla (sai próximo dia 30). Guardou a colaboração e alguns modus operandi do laboratório sonoro dos Matmos. Para o resto, porque se aborreceu de usar instrumentos, inventou tudo. Com uma discreta inspiração no universo de Meredith Monk. Isto é, a voz. As vozes. Todas. Como simulacro tecnologicamente manipulado de instrumentos e material rítmico (o "beatboxing" de Rahzel, Shlomo, Dokoka). A fazer de "wallpapers" ou "screensavers" corais, em infinito contraponto cubista. Disfarçadas de "ostinati", "breakbeast", guinchos, haustos, joalharia microscópica, escultura sonora de choros, catedrais góticas em planos transparentes sobrepostos, frequências elásticas de ultra graves guturais, gaze impressionista de harmonias puras, peças de "puzzle" em pirâmide, poeira suspensa, mapas homográficos insondáveis. À deriva sobre esse oceano fantasmagórico de vozes, Robert Wyatt, Mike Patton, coros islandeses e britânicos, o barítono Gregory Purnhagen, a "throat singer" esquimó Tanya Tagaq, poesia de E.E. Cummings. E Björk. A voz-linha-cirurgica-de-sutura para a pele invisível de um corpo mutante.
Álbum do ano. Creio.

Texto João Lopes - Actual - Expresso nº 1660 - 21 Agosto 2004 - Lisboa

Ouvi o advanced do disco Medúlla da cantora Björk e antes de me apaixonar pelo disco, fiquei mais uma vez rendida à espantosa capacidade criativa desta artista. Queria escrever aqui sobre o disco, mas preferi trazer o texto crítico do João Lopes do Jornal Expresso ( Lisboa ) por comungar com a sua opinião e também pela beleza do texto.

Leda Cruz :: 4:54 PM :: comente ::
:: 30.7.04 ::
Em 2002 fiz uma exposição com o título "Mesa Para Dois", uma das peças era uma caixa de madeira preta com um nicho onde estava um pequeno barco de papel feito com uma carta de amor. Pedi à minha amiga Raquel Moura que escrevesse a carta.
Uma tarde, ela foi à minha casa e esteve pacientemente a escrever com minúsculas letras na diagonal do papel, depois dobrou-o em forma de barco. Passado uns dias, ela escreveu sobre esta tarde na sua extinta página do "Livejournal" e mandou-a para mim, eu reeditei no meu caderno de artista e hoje matei saudades...
A polaroid que acompanha o texto, eu tinha lhe oferecido.




* o barco de papel
* "um punhal negro sobre o guardanapo de linho" ...é a foto do convite da exposição
* a caixa com o barco
* Raquel Moura (Misery) - insista no click, pois está custando a abrir

Estou indo de férias... nordeste do Brasil, volto dia 19. Abraços a todos.

Leda Cruz :: 4:45 PM :: comente ::
:: 14.7.04 ::



"A diversidade não me surpreende. Ninguém é apenas uma única coisa. Não nos podemos alimentar exclusivamente de um só alimento. Gosto de ouvir pop e clássica e electrónica e música latina. Escuto aquilo de que gosto e que me alimenta. Não me parece que seja demonstração de uma abertura de espírito excepcional ter-se mais de um amigo. Faço o que faço porque estou viva e quero tirar proveito disso. Além do mais, essas classificações por 'estilos' parecem-me muito ilusórias: dois fãs de jazz podem ser tão diferentes nos seus gostos como um 'gotico' e um 'rocker'. A diversidade não é uma excepção, é a regra."
É assim que pensa Lhasa de Sela, filha de um casal nómada, o pai, um escritor mexicano e a mãe uma ex-actriz e actual fotógrafa americana, cresceu atravessando fronteiras e hoje a sua música veste-se de toda esta multiplicidade. Actualmente vive no Quebec, Canadá. Sentimos na sua música e poesia a luz e a sombra das 'rancheiras' e 'mariachis', da música cigana, do blues e da 'chanson française'. Podemos sentir a presença de Brel, Piaf, Cohen, Cesária Evora, P J Harvey, Chavela Vargas, Tom Waits...
No sábado vi um concerto de Lhasa de Sela nos Jardins do Palácio de Cristal, no Porto. Foi uma noite mágica! No palco, ela adquire uma postura de ave. Eleva os ombros enterrando o pescoço, cerra os olhos e canta. Narrou, em português, algumas historias da sua vida que serviram de inspiração às suas canções, levou-me pela mão até a sua infância, fez-me sonhar com o seu mundo mágico, fazendo-me percorrer a minha nostalgia e atravessar as minhas próprias fronteiras.... Confesso que chorei a minha alma fado.

Recomendo Lhasa de Sela.
veja o video.
Leda Cruz :: 11:44 AM :: comente ::
:: 9.7.04 ::



Hoje esse blog faz um ano. Não sou muito de comemorar estas coisas, mas quero assinalar o percurso, embora não tenha cumprido a regra de um blog ser uma espécie de diário. O que mais gosto é de ter podido mostrar um pouco daquilo que faço e gosto e de que isso tenha sensibilizado algumas pessoas. Gosto de fazer parte deste caos, gosto de descobrir o universo contido em cada uma das pessoas que vou encontrando através do blog. Nesse momento penso em alguns destes amigos com extremo carinho e desejo um dia poder sentar-me numa esplanada, com uns e outros, numa qualquer cidade do mundo e ir saboreando as histórias, os gestos e os sons camilas, leos, fernandas, miltons, lizas, faos, janes, catarinas, spirits, max.... etc., etc., etc...
Mas eu sou avessa a discursos comemorativos...

Leda Cruz :: 9:44 AM :: comente ::
:: 2.7.04 ::


© ledacruz

Bem... estamos em festa!
O País está vestido com a bandeira e milhões de vozes gritam: Portugal! Portugal! É a paixão do futebol, esse denominador comum que une toda a gente.
Agora só falta um e os deuses elegeram os gregos para defrontarmos na batalha final, aqueles que ficaram entalados na garganta no jogo de abertura. Que venham!!!
O Euro 2004 é um enorme sucesso! Milhares de pessoas de varias nacionalidades colorindo o País com as cores das suas bandeiras, com seus cânticos e as caras pintadas para a 'guerra' que tem sido travada com um enorme fair play. Acho que todos os portugueses estão de parabéns! A UEFA declarou que este é o melhor e mais bem organizado campeonato europeu de sempre! Tenho que declarar aqui a minha alegria porque um dos 'maestros desta orquestra' é o meu amigo António Laranjo, por quem tenho uma enorme admiração.
Temos uma grande selecção, temos o Sr. Scolari, temos o País inteiro a torcer, temos as cores da bandeira vestindo as nossas janelas, temos paixão, temos fair play e civilidade, temos belíssimos estádios e já temos o adversário... Certamente no dia 04 de Julho no Estádio da Luz vamos ter um jogo "Figomenal".


P.S. - 05.7.04

Perdemos para os Gregos.
Hoje, cheia de tristeza e raiva, acho que foi injusto! A Grecia joga o anti-futebol, um bloco permanentemente a defender, mas pronto...
A festa foi muito boa e mais uma vez a UEFA confirmou ter sido o melhorCampeonato Europeu de Sempre. Viva!!!
'Esforço valeu a pena'
Não digam que o meu blog perdeu a coerência, eu sou politicamente incorrecta!

Leda Cruz :: 4:40 PM :: comente ::
:: 22.6.04 ::


polaroid procam --- --- © ledacruz --- --- veja aqui a série completa



Outra vez aqui as minhas Polaroids. Não é preciso dizer que gosto deste modo de fotografar e como não sou fotógrafa, mas uso a fotografia como um dos meus meios de expressão, a polaroid, a lomografia e a fotografia digital acabam por ser os meios preferidos. Costumo dizer e devido à minha formação digo-o com convicção, que as minhas fotos são esculturas, e é por isso que fujo aos recursos técnicos para fotografar. Com a polaroid prendo o meu olhar no papel através do instantâneo. Gosto disso e pronto!
Tenho de me desculpar por estas prolongadas ausências, mas eu não sou disciplinada o suficiente para manter o blog actualizado. Não consigo cumprir as regras. Mas ando por aqui... Leio os blogs amigos, rio e fico feliz com os bons momentos de uns, sofro com a dor e os medos de outros, sonho o sonho de alguns... penso no que dizem, no que fazem, imagino os seus sorrisos e olhares e gestos... me revejo e me refaço.
Domingo fui ao futebol. Campeonato Europeu, o Euro 2004 que está sendo aqui. Portugal ganhou a Espanha, teve o mesmo sabor de um Brasil x Argentina.
Leda Cruz :: 1:56 PM :: comente ::
:: 29.5.04 ::


polaroid procam --- ---© ledacruz

"Let's get lost, lost in each others arms
Let's get lost, let them send out alarms
And if they think we're rather rude
We' ll tell the world we're in crazy mood"

(Loesser e MacHugh) interpretado por Chet Baker

Just it...

Leda Cruz :: 1:56 AM :: comente ::
:: 15.5.04 ::

1000 Mulheres Para O Premio Nobel da Paz

"Milhões de mulheres investem diariamente na paz. Preocupam-se com os sobreviventes, realizam a reconstrução e criam uma nova cultura de paz. Representando todas estas mulheres 1000 delas receberão o prémio Nobel da paz 2005. Este prémio político irá assim demonstrar que o trabalho destas mulheres é precioso e exemplar.
Mas apesar de todos os esforços por elas desempenhados este trabalho pela paz nem sempre é reconhecido, chegando mesmo, algumas vezes a ser banalizado. Desde que foi criado, em 1901, o prémio Nobel da paz, apenas 11 mulheres receberam este prémio. Também nas conversações de paz há ainda muito mais warlords do que peacequeens que contratam e decidem sobre novas estruturas políticas, sobre a reconstrução e a segurança. Simultaneamente as mulheres demonstram diariamente com as suas experiências e competências serem capazes de desenvolver e realizar de uma maneira eficaz programas para a paz.
Fazem parte deste projecto mulheres de todo o mundo, independentemente das camadas sociais - a camponesa, a professora, a artista ou a mulher da política - que investem para um futuro sem violência. Elas têm cada uma a sua própria história e origem. Para que estas histórias assim como este trabalho sejam finalmente visíveis, 1000 retratos destas mulheres têm de dar a volta do mundo."

Leda Cruz :: 11:24 PM :: comente ::
:: 10.5.04 ::


pentax-430RS ----© ledacruz


Arte Poética

O poema não tem mais que o som do seu sentido, a letra p não é a primeira letra da palavra poema, o poema é esculpido de sentidos e essa é a sua forma, poema não se lê poema, lê-se pão ou flor, lê-se erva fresca e os teus lábios, lê-se sorriso estendido em mil árvores ou céu de punhais, ameaças, lê-se medo e procura de cegos, lê-se mão de criança ou tu, mãe, que dormes e me fizeste nascer de ti para ser palavras que não se escrevem, lê-se país e mar e céu esquecido e memória, lê-se silêncio, sim, tantas vezes, poema lê-se silêncio do teu olhar de doce menina, silêncio ao domingo entre as conversas, silêncio depois do beijo ou de uma flor desmedida, silêncio de ti, pai, que morreste em tudo para só existires nesse poema calado, quem o pode negar? que escreves sempre e sempre em segredo, dentro de mim e dentro de todos os que te sofrem. O poema não é esta caneta de tinta preta, não é esta voz, a letra p não é a primeira letra da palavra poema, o poema é quando eu podia dormir até tarde nas férias de verão e o sol entrava pela janela, o poema é quando eu não conhecia a palavra poema, quando eu não conhecia a letra p e comia torradas feitas no lume da cozinha do quintal, o poema é aqui, quando levanto o olhar do papel e deixo as minhas mãos tocarem-te, quando sei, sem rimas e sem metáforas, que te amo, o poema será quando as crianças e os pássaros se rebelarem e, até lá, irá sendo sempre e tudo. O poema sabe, o poema conhece-se e, a si próprio, nunca se chama poema, a si próprio nunca se escreve com p, o poema dentro de si é perfume e é fumo, é um menino que corre num pomar para abraçar o seu pai, é a exaustão e a liberdade sentida, é tudo o que quero aprender se o que quero aprender é tudo, é o teu olhar e o que imagino dele, é solidão e arrependimento, não são bibliotecas a arder de versos contados porque isso são bibliotecas a arder de versos contados e não é o poema, não é a raiz de uma palavra que julgamos conhecer porque só podemos conhecer o que possuímos e não possuímos nada, não é um torrão de terra a cantar hinos e a estender muralhas entre os versos e o mundo, o poema não é a palavra poema porque a palavra poema é uma palavra, o poema é a carne salgada por dentro, é um olhar perdido na noite sobre os telhados na hora em que todos dormem, é a última lembrança de um afogado, é um pesadelo, uma angustia, esperança. O poema não tem estrofes, tem corpo, o poema não tem versos, tem sangue, o poema não se escreve com letras, escreve-se com grãos de areia e beijos, pétalas e momentos, gritos e incertezas, a letra p não é a primeira letra da palavra poema, a palavra poema existe para não ser escrita como eu existo para não ser escrito, para não ser entendido, nem sequer por mim próprio, ainda que o meu sentido esteja em todos os lugares onde sou, o poema sou eu, as minhas mãos nos seus cabelos, o poema é o meu rosto, que não vejo, e que existe porque me olhas, o poema é o teu rosto, eu, eu só sei escrever o seu sentido.

José Luís Peixoto
in: A Criança em Ruínas

Leda Cruz :: 3:45 PM :: comente ::
:: 20.4.04 ::


The Flight - 2000 - 120x100cm ---- Cecilia Paredes

Não sei precisamente sobre o que escrever. Na verdade, tencionava rever em dvd o 'As Asas do Desejo' de Win Wenders e depois escrever sobre o este filme, mas achei que três posts seguidos sobre cinema ia acabar virando uma pretensão a especialidade e eu nem sei o suficiente nem gosto de parecer especialista, daí fiquei sem assunto.
Ontem fiz aniversário e ganhei um monitor daqueles grandes e sofisticados, por isso tinha de voltar aqui para fazer a inauguração e partilhar com alguns amigos o meu contentamento. Ganhei também alguns notebooks (uma das minhas paixões) e hoje pretendo abrir um deles com um espécie de 'Eu S.A.' onde traçarei prioridades... começarei com uma lista das coisas que mais gosto e outra com tudo o que eu gostaria de fazer. Uma espécie de investimento pessoal. No mais, vou continuar a viver a minha liberdade, criar os filhos, amar, fazer o meu trabalho, tentar deixar marcas, fugir o mais possível das superficialidades e das regras, lutar contra os preconceitos, perder um pouco de peso, conduzir mais devagar... E mais outras tantas coisas que pedem a minha reflexão.
A imagem acima faz parte da exposição que vi no sábado aqui no Porto, "Nature within Nature" da artista peruana Cecilia Paredes. Uma exposição com um fortíssimo apelo visual composta de objectos e fotografias onde a artista faz uma perfeita simbiose entre corpo e espírito.

Link:
Cecilia Paredes

Leda Cruz :: 5:13 PM :: comente ::
:: 1.4.04 ::

Stop Violence Against Women


Põe a tua mão aqui tambem
........................................

O meu computador andou estes dias em permanente agonia devido a um vírus, penso que a maioria conhece os desatinos que se seguem. Depois da cura, tenho um novo problema, não consigo fazer login no site do Blogger Br., portanto não consigo entrar no edit do blog (agora estou num computador emprestado), mas a culpa disso, penso eu, é da minha Internet e não do bicho-papão-blogger.br. Bem, só estou tentando justificar a minha falta de posts, e a falta de resposta a alguns mails dos amigos.
Além de tudo isso ando muito ocupada com o meu trabalho, estou fazendo novas peças que serão fotografadas para um livro e estou devidamente atrasada... mas não vou sumir, só vou estar mais quieta, mais devagar...

Leda Cruz :: 8:37 AM :: comente ::
:: 23.3.04 ::

Ontem voltei a ver, em casa, o filme "Irreversível" de Gaspar Noé, não é um filme para qualquer um, nem é para reunir a família no sofá da sala. É um filme duro, violento e perturbador. Fala de uma violação e uma vingança. Logo no início, dois homens, que descobrimos não fazerem parte da história, dialogam fechados num quarto minúsculo, expondo as suas misérias e dão-nos o conceito do filme. O tempo. Um deles diz: "o tempo destrói tudo", e ali é verdade, o tempo consome, gasta e não tem retorno.
É sabido que Gaspar Noé quis diluir as fronteiras entre ficção e realidade, para isso cedeu largo espaço à improvisação e muitas das cenas não seguem um argumento. Para maior naturalidade, escolhe um casal na vida real, os actores Vincent Cassel / Monica Belucci e entre eles a improvisação funciona porque é natural, desde as cenas mais íntimas, como ao acordarem nus depois de terem feito amor, em que o realizador lhes pediu que improvisassem alguma coisa entre dois e vinte minutos, até aos mais pequenos gestos quando caminham abraçados na estação do metro.
Muito convincente é a cena da violação, 9 minutos de angústia e extrema violência moral e física contra uma mulher. Durante os 9 minutos da cena estive sempre consciente de que enquanto eu via o filme muitas mulheres estavam a ser verdadeiramente violadas e violentadas. É o conceito de estar na hora errada no lugar errado que persegue qualquer um de nós. É a isso que o filme remete. Poderia ser qualquer mulher, poderia ser eu. Por isso a história é contada em sentido contrário, partindo da consequência para o facto, partindo do desalinho da brutalidade desmedida e de uma vingança mergulhada no pior dos infernos para voltar à mais completa serenidade da vida daquele casal. O filme nos alerta e relembra a imprevisibilidade e a irreversibilidade do tempo, tal como a vida é.

Link:
Irreversible


Leda Cruz :: 8:50 AM :: comente ::
:: 15.3.04 ::




Vi o filme "The Passion of the Christ" de Mel Gibson e gostei muito. Já tinha lido sobre todas as polémicas criadas à volta do filme e as questões levantadas pelos judeus americanos e as dificuldades encontradas na distribuição do filme, etc., etc.. A caminho do cinema sabia que não ia completamente livre, já carregava comigo uma expectativa viciada e pensei: é um filme e como tal é arte e como tal pertence a quem o criou e como tal o artista é livre perante o seu acto criativo, portanto ia ver "A Paixão de Cristo segundo Mel Gibson".
Independentemente de qualquer coisa, vi a paixão de Mel Gibson pela arte cinematográfica, vi o acerto de um realizador numa soberba direcção de actores e muito particularmente na escolha de um elenco com poucas caras conhecidas, indo buscar, inclusivamente, alguns actores de teatro. A cor do filme é belíssima, todo ele em tom sépia, da cor das areias do Médio-Oriente, da cor da pele, da cor da memória e ainda mais acertada é a sua opção pelo hebraico e o latim como idiomas para judeus e romanos, respectivamente.
Quanto à grande polémica à volta da culpa, a Historia já fez o registo e não creio que o meu amigo George, judeu, seja responsável pela morte de Cristo, como não creio que o Peter, o Michael, o Thomas, a Julia e todos os alemães que eu conheço, sejam responsáveis pela morte dos judeus na Segunda Guerra.
O sangue derramado no filme, o corpo de Cristo retalhado a chicotadas e toda a dor que tem causado repulsa, rostos tapados e saída de algumas pessoas das salas de cinema, não são, no meu entendimento, nada, se comparados à realidade que vemos nos noticiários. Os corpos ensanguentados e mutilados que vimos nos noticiários do dia 11 de Março eram verdadeiros. O atentado de Madrid e o terrorismo é que merecem a nossa repulsa e não a liberdade que o Mel Gibson tem para mostrar a sua paixão por Cristo.

Links:
The Passion of the Christ
Mel Gibson
Esta crítica no Jornal Público

Leda Cruz :: 11:59 AM :: comente ::
:: 8.3.04 ::

mix ---- LedaCruz--- Caixas de Vidro com objectos e sobreposição de desenho

Hoje eu poderia escrever sobre o dia das mulheres, ou até mesmo sobre as mulheres. Obviamente teria de falar sobre a violência e os crimes praticados contra as mulheres, teria de falar sobre a legalização do aborto, sobre o abuso sexual, etc. etc.... Obviamente que escreveria com uma certa intensidade, a mesma que já conferi a alguns dos meus trabalhos, mas penso que hoje, escrever sobre isso, não seria correcto, porque ando demasiado afastada de tudo, inclusive do meu próprio trabalho, não é por mera desilusão ou preguiça, é certamente algo muito mais complexo e intenso. Estou demasiado protegida de tudo e isto me dá privilégios que eu não estou sabendo transformar em atitudes. Entro em conflitos como a maioria das pessoas, faço discursos, empunho bandeiras que efectivamente não levam a nada. Confortam-me, dão-me a dignidade supostamente necessária e mais nada.
Talvez eu esteja sendo muito dura comigo mesma, talvez esta honestidade não sirva para nada, talvez o meu trabalho já tenha servido para sensibilizar ou até mesmo para alertar algumas pessoas, talvez já tenha perturbado e inquietado outras tantas... não sei... mas creio que eu poderia ter feito muito mais, aliás, todos nós poderíamos ter feito muito mais. Mas este é um outro discurso.

Leda Cruz :: 11:41 AM :: comente ::
:: 13.2.04 ::

Lomo Supersampler -- máquina fotografica com 4 lentes paralelas -- © ledacruz

A Calma Meditativa

O método da purificação do espírito
Consiste nisto:
Primeiro, concentrar-se.
Não escutar pelo ouvido, mas pelo espírito.
Não escutar pelo espírito, mas pela respiração.
O ouvido escuta, o espírito representa,
Mas apenas a respiração se adapta a todas as situações
Porque ela é vento vazio.
E o Tao apoia-se no vazio
O vazio purifica o espírito,
No vazio do espírito penetra a luz
Como a paisagem penetra pela janela de um quarto vazio.

Tchouang Tseu (Filósofo Chines)

P.S. - Contra o mau humor do Blogger.com.br, salvaguardo-me aqui

Leda Cruz :: 9:56 AM :: comente ::
:: 4.2.04 ::


mix --- ledacruz


O Poeta Inventa Viagem, Retorno e Morre de Saudade

Se for possível, manda-me dizer:
- É lua cheia. A casa está vazia -
Manda-me dizer, e o paraíso
Há de ficar mais perto, e mais recente
Me há de parecer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é verdade
Que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
- É lua nova -
E revestida de luz te volto a ver.

HildaHilst

............... ...............
Hilda Hilst foi para mim uma grande descoberta aliei as suas palavras à muitos dos meus trabalhos pela sua poesia, pela sua irreverência e acima de tudo pela sua condição feminina.
Hoje ela partiu mas continuará a ser o anjo de fogo a habitar a Casa do Sol, continuará a habitar com as suas palavras de lança o meu trabalho e a minha alma.


Leda Cruz :: 3:25 PM :: comente ::
:: 26.1.04 ::
Voltei.
Agradeço aos que vieram aqui e deixaram as palavras carinhosas.
Foram muitas as emoções vividas em Salvador, foram muitas as que não consegui viver porque o tempo não é elástico! Por isso terei de voltar brevemente porque ainda há em mim saudades para aliviar, pessoas que não vi e lugares que não revi. Não passeie pela minha memória o tanto que queria e precisava, mas ainda bem que o oceano está cada vez mais estreito devido à velocidade dos aviões de carreira.
É quase impossível falar das emoções todas e do calor dos abraços da família e dos amigos, mas o que trago mais exposto em mim é a generosidade dos meus amigos mais queridos, o carinho da família, o sorriso e a doçura dos sobrinhos... o reencontro com eles foi certamente o mais bonito e mais confortável desta viagem. Senti-me uma tia querida, proxima e cumplice. Para todos eles (a lista é grande), o meu carinho.

Bahia de Todos os Santos ----------- pentax-430RS -- © ledacruz

A Colina Sagrada-Igreja do Bom Fim - pentax-430RS -- © ledacruz

as fitas e a fé - Igreja do Bom Fim --- pentax-430RS -- © ledacruz

Catedral da Sé ---- pentax-430RS -- © ledacruz

a generosidade das frutas ----pentax-430RS -- © ledacruz

aquario feito por Fernanda,minha sobrinha campeã de natação, uma prenda no ultimo dia do ano.

O primeiro amanhecer do ano ----- Canon 300 ---- © ledacruz

A volta - o amanhecer sobre o atlantico - pentax-430RS -- © ledacruz



Leda Cruz :: 11:26 AM :: comente ::
:: 15.12.03 ::

"domingo" --- ---- polaroids-procam --- --- © ledacruz

Uma das séries de polaroids da minha exposição "Entre Paredes" - Lisboa 2001

Leda Cruz :: 10:55 PM :: comente ::
:: 11.12.03 ::

"dentro do carro e lá fora chovia" -- série -- pentax-430RS -- © ledacruz

Ando devagar e com frio. Espanto-me porque estou me sentindo demasiado quieta. Esta expressão faz-me lembrar um amigo.
Como lá em baixo é verão, está calor, a praia convida e a mesa é farta, eu vou. Vou na próxima semana. Estou preparando a alma para mergulhar no mar da Bahia, andar pelas ruas e sentir aquele cheiro que invade o nariz e perturba o pensamento. Quero fotografar, filmar, falar com as pessoas, falar com o meu sotaque e dançar com as meninas e os seus santos. Vou dançar com oxum, vestida de amarelo-ouro.
Depois volto toda contente!

Leda Cruz :: 8:32 AM :: comente ::
:: 27.11.03 ::


"Don't touch me" -- tule, arame farpado e vidro --- ledacruz

A principal causa de morte das mulheres entre os 15 e os 45 anos é a violência. Destacando-se a violência domestica. Muitas destas mulheres morrem ou ficam invalidas pelas mãos daqueles que um dia amaram. A violência mata mais que o cancro e os acidentes de viação nos países mais desenvolvidos e mais que a malária e a fome nos países do terceiro mundo. São dados das Nações Unidas.
Sobre este tema, debruço parte do meu trabalho, o meu espanto e a minha condição feminina.
Esta peça fez parte de duas das minhas exposições individuais: "Entre Paredes" e "Amo-te Terrivelmente" ambas em Lisboa.
Escolhi o tule como tecido para a blusa, como uma simbologia ao vestido de noiva, ao casamento, portanto. O arame farpado é a violência, a caixa de vidro, hermeticamente fechada, é o silêncio que se faz à volta deste assunto. O silêncio delas e o nosso. Mas o vidro é transparente e podemos ver através dele. É frágil e pode ser partido. Já começa a ser partido
Não gosto de explicar o meu trabalho, prefiro que cada um chegue onde quiser chegar. Prefiro a ambiguidade e a cumplicidade de cada um.
Fiz uma excepção.

Leda Cruz :: 11:04 AM :: comente ::
:: 19.11.03 ::

dentro do carro e lá fora chovia - 009/132 - pentax-430RS - © ledacruz

Para Itana.
tanta falta que sinto do teu sorriso e do teu cheiro.

BRINCADEIRA

Brinca comigo à procura
de uma estrela noutro céu
Brinca e lava a noite escura
com os sonhos que Deus te deu

Começa devagarinho
- por favor não tenhas medo
que o meu coração fez ninho
dentro do teu em segredo

Acorda os anjos que dormem
com a luz do teu sorriso
Faz com que não se conformem
e saiam do paraíso
Deixa-os entrar de repente
no teu quarto, a esta hora
em que a verdade mais quente
é o sono que te devora
Brinca comigo às escuras,
Ensina-me o que não sei
Onde estás? Porque procuras
o coração que te dei?

David Mourão Ferreira

P.S.: Alguns dos meus antigos posts estão a perder os comentarios. Zero comentario onde antes estava o carinho de alguns amigos queridos. Não faço idéia da razão, mas fico triste e temo que continue a acontecer.
Coloquei um novo sistema de comentarios para onde copiei os antigos , caso queiras deixar um comentário faça-o no "Comente Aqui".

Leda Cruz :: 11:23 AM :: comente ::
:: 31.10.03 ::

polaroids - uma paisagem à mesma hora em diferentes estações --- © ledacruz

SYLVAIN
As minhas raízes são resistentes. Exigem pouco do solo. Nasci no deserto. A minha terra é onde me deixarem ser.

FUMADOR
E que ser é você?

SYLVAIN
A minha infância. É essa a minha pátria mais intacta. De todos nós um pouco, não concorda? Só que é necessário uma grande distância, muitos anos, para percebermos isso. Envelhecemos, caminhando empurrados por uma parede que anda nos nossos calcanhares. Chegamos a pensar que somos nós que arrastamos a parede. Agrada-nos a ilusão dessa força. Muito mais tarde, vemos para onde estamos a caminhar: contra outra parede que se aproxima. As duas paredes são paralelas. Não alcançamos o seu fim para nenhum dos lados. Há um momento, então, em que percebemos que as paredes se aproximam, apesar de nós: seremos esmagados por elas. Esmagados entre dois horizontes de cal. Nessa altura, viramo-nos para a primeira parede e tentamos empurra-la ou, pelo menos, parar a sua marcha. No fim, apenas queremos que elas se fechem mais lentamente sobre o nosso corpo. Em vão.

FUMADOR
Se eu tivesse esse sonho, correria ao longo das paredes. Nunca contra elas.

SYLVAIN
Seria inútil. A loucura: uma alameda sem fim de branco. Sonho bastante com portas mágicas: riscarmos um rectângulo na parede com o dedo e abrir-se uma porta. Escaparmos por ela.

FUMADOR
E o que existe do outro lado da parede?

SYLVAIN
Nada, claro: uma miragem de liberdade. A planície por onde já caminhamos e por onde caminhou a parede. Um campo depois da batalha. Tudo o que vivemos mas já não podemos tocar. Recordações que precisam de nós para sobreviver. Uma paisagem de nitidez impossível.

Pedro Rosa Mendes - in: Atlântico - Romance Fotográfico

Leda Cruz :: 1:22 PM :: comente ::
:: 29.9.03 ::

canon EOS1000 - ------- -© ledacruz

O CORPO DO OUTRO

CORPO. Todo o pensamento, toda a emoção, todo o interesse suscitados no sujeito apaixonado pelo corpo amado.

1. O seu corpo estava dividido: de um lado, o próprio corpo - a pele, os olhos, terno, caloroso, e, de outro, a voz, breve, moderada, sujeita a momentos de afastamento, uma voz que não oferecia o que o corpo oferecia. Ou então: de um lado, o seu corpo macio, morno, débil na sua justa medida, protector, fingindo-se acanhado, e, de outro, a voz - a voz, sempre a voz - sonora, bem definida, mundana, etc.
2. Assalta-me, por vezes, uma ideia: ponho-me a examinar longamente o corpo amado (...). Examinar quer dizer revistar: revisto o corpo do outro, como se quisesse ver o que há lá dentro, como se a causa mecânica do meu desejo estivesse no corpo adverso (pareço-me com esses garotos que desmontam um despertador para saber o que é o tempo). Essa operação processa-se de um modo frio e surpreso; estou calmo, atento, como se estivesse diante de um estranho insecto que subitamente deixo de recear. Certas partes do corpo são particularmente adequadas a esta observação: as pestanas, as unhas, a raiz dos cabelos, os objectos muito específicos. É evidente que estou então a fazer de um morto um fétiche. A prova está em que, se o corpo que examino sai da sua inércia, se se põe a fazer qualquer coisa, o meu desejo se modifica; se, por exemplo, vejo o outro pensar, o meu desejo deixa de ser perverso, torna-se imaginário, regresso a uma Imagem, a um Todo: amo novamente.

(Via tudo do seu rosto, do seu corpo, friamente: as pestanas, a unha do dedo do pé, a finura das sobrancelhas, dos lábios, o esmalte dos olhos, um determinado sinal, uma maneira de estender os dedos ao fumar; estava fascinado - não sendo o fascínio, em suma, senão a extremidade do desprendimento - por essa espécie de figura colorida, de faiança, vitrificada, onde podia ler, sem nada compreender, a causa do meu desejo.)


Roland Barthes, Fragmentos de um Discurso Amoroso, Lisboa, Edições 70, 1981 (1977)

Leda Cruz :: 11:03 AM :: comente ::
:: 17.9.03 ::

Rastro de Luz - Pavilhão Atlantico-Lisboa -- pentax 430RS - © ledacruz

"Não perdi tudo ao perdê-lo. Há coisas que guardo. Mesmo hoje.
Subimos ao quarto depois da cerimónia. Ele apagou a luz.
- Para que vejas a minha prenda.
Afastou a cómoda e retirou o espelho. Uma parede ficou livre. Tirou do bolso do casaco um copo. Mostrou-mo, rindo (como os mágicos passeiam os objectos pelos olhos da assistência antes de os iludirem). Encheu-o de conhaque. Posou-o em cima de uma mesinha. Depois, ligou um foco muito brilhante. Tirou um prisma do bolso e fez passar, através dele, o jacto luminoso.
A luz, dobrada pelo prisma, nadou pelos fumos do conhaque e projectou-se na parede, ondulando.
Transparências no escuro, farrapos de medusa respirando pelo coração do conhaque. Baile de luz, desamparado, leve, frágil, conduzido em silêncio pelo conhaque, ao vento, pela água, na parede - a superfície de um oceano, olhado do fundo na direcção do sol.
Lindo
- Que lindo!
- A tua aurora boreal,
disse, com uma satisfação de menino."
(...)

Pedro Rosa Mendes - in: Atlântico - Romance Fotográfico


Leda Cruz :: 4:54 PM :: comente ::
:: 13.9.03 ::
"Querido Colyn,

Apenas uma palavra breve, pois estou muito cansada e tenho muitas cartas para escrever.
Se tu me visses agora, não me reconhecerias porque emagreci muito, estou metade do que era, por causa do enjoo que me impediu de comer durante as três semanas de viagem, mas isso não é nada. Não posso ser muito explícita, compreendes a minha discrição, mas aconteceu o pior possível ao nosso barco. Perdemos tudo e estou sem notícias dos meus pais e da minha irmã. Talvez estejam mortos ou talvez estejam num barco que ia para longe, não sei nada. Aquilo passou-se de noite e eu fui salva por um barco norueguês, depois de ter passado três horas numa jangada! Não posso contar-te todos os horrores que sofri, seria longo e penoso.
Felizmente estou em casa do meu tio, que é muito simpático, em Londres. Espero impacientemente por notícias tuas, nossas, sobretudo minhas - devolve-me imagens anteriores a tudo. Talvez consigas devolver-me a mim e eu fingir que, do tudo, aconteceu nada. E Walt Whitman? Falta-me o seu calor nos meus pés quando acordo. Os meus dias de Londres não nascem com o sol: nascem com a falta de W.W. Escreve-me depressa, meu querido, consola-me, envia-me fotografias. Tudo está calmo aqui, de momento. Muitas vezes, quando penso naquilo tudo, tenho a impressão de estar a sonhar, mas é bem a realidade, muitas pessoas morreram, foi tudo tão rápido, todas aquelas crianças...

Tua,
Ingrid"




Atlântico - Romance Fotográfico -- Leia aqui um texto sobre o livro --
Pedro Rosa Mendes | João francisco Vilhena


© joão francisco vilhena


Leda Cruz :: 2:43 PM :: comente ::
:: 9.9.03 ::
Quando fiz o meu curso de Artes Plásticas, a escultora Luisa Cunha durante uma conversa em que discutíamos um projecto meu, disse-me assim: " O silêncio é como o gelo, conserva as coisas". Na altura soube exactamente o que ela queria me dizer. Até hoje lembro-me desta frase todas as vezes que o silêncio é o melhor aliado!
Bem... Próxima semana já estarei morando no Porto.
Casa nova, novos projectos, novas exposições... Um novo horizonte na minha nova paisagem vista da varanda! Ao fundo à direita o Rio Douro e à esquerda o mar! Estou indo de alma aberta, como deve ser!
Esta noite sonhei com a cineasta Agnès Varda. Ter este tipo de sonho faz parte da minha felicidade... Há uma cena no seu filme-documentário "Respigadores, Respigadora" (Les Glaneurs et la Glaneuse - 2001) , em que ela está a filmar de dentro de um carro numa estrada, os camiões que passam... e nesta cena, ela faz um L com a palma da mão e o polegar, num gesto típico dos realizadores e filma a mão em primeiro plano, enquadrando os camiões, em segundo... como se estivesse a brincar com eles... sonhei justo com esta cena! Talvez, uma das mais poéticas do filme! O filme é espantosamente poético, quem o viu sabe!
Engraçado, na foto que encontrei para por alí no link do Cartaz do Dia, a Agnès Varda faz com o dedo o gesto de silêncio!


Encontrei uma foto da cena do filme ... I'm Feeling Lucky, como diz o Google

Leda Cruz :: 1:33 PM :: comente ::
:: 3.9.03 ::

Bar do Terraço - Hotel Porto Santo ----- Pentax 430RS --- © ledacruz


Porto Santo - Madeira -- A praia do hotel --- Pentax 430RS -© ledacruz

Depois das ferias, chega a preguiça... as malas para desfazer, a roupa para lavar, o frigorífico à espera de uma ida ao insuportável supermercado, etc... Temos a sensação de que tudo se arrasta num ritmo lento! Deve ser do calor sobre a pele bronzeada! Parece uma eterna segunda-feira!
Adorei Porto Santo e prometi a mim mesma voltar àquele 'porto de abrigo', àquelas praias privilegiadas... de águas mornas, mansas e de areias douradas... de um silêncio oceânico, apesar das ondas, das vozes na praia e da 'pardalada'...
Dissemos varias vezes: "...estamos em pleno mar..." pensando naquela pequena ilha no meio da imensidão do atlântico!
O hotel é óptimo, bem localizado e com um pessoal, inicialmente tímido e reservado mas que depois se revelava simpático e bem dispostos.... Um bar na praia com sombra de palha e cerveja gelada e um bar no terraço onde acontece Jazz todas as noites depois do jantar, tocados no piano do Sr. João Maurílio e no Sax do Sr. Artur Freitas, abençoados pela musica e simpáticos.
Vou aos bocados mostrar algumas fotos, embora eu não seja uma viajante que faz 'quilómetros' de fotografias... fiz algumas digitais, que são na maioria as minhas experiências intimistas!
Depois vou escrevendo mais sobre a viagem e vou mostrando as fotos!
Quero agradecer aos amigos que vieram até aqui na minha ausência para desejar as coisas boas que generosamente costumam desejar. Um beijo a todos

Leda Cruz :: 1:42 PM :: comente ::
:: 23.8.03 ::
MERIDIANO

Pelo verão afora,
junto ao declive de luz erodida
das nossas mãos, escuras parteiras de dunas:
as tuas pedras
ruindo de volta à vida
à tua volta.

Atrás da minha translúcida pálpebra de ébano,
uma estrela prematura,
expurgada de um inferno de bolbos,
ergue-te, inocente,
rumo à manhã, e povoa a tua sombra
de nomes.

Rimada de noite. Funda de arado.
Próxima.

Paul Auster
in: Poemas Escolhidos

tradução de Rui Lage

Bem ... vou de férias amanhã. vou a Porto Santo uma das ilhas do Arquipélago da Madeira
Praia e sossego ... nada mais!
Até a volta!!

Leda Cruz :: 10:49 PM :: comente ::
:: 19.8.03 ::
Morreu hoje Sergio Vieira de Mello, num atentado bombista suicida às instalações da ONU em Bagdad
Todos lembramos do seu trabalho em Timor e por isso em Portugal há uma enorme consternação pela sua morte.




Leda Cruz :: 10:19 PM :: comente ::
Estar aqui a dizer que adoro Lisboa, penso que seja desnecessario! Adoro e pronto e mais, namoro esta cidade com o meu olhar furtivo em passeios noturnos! Lisboa é famosa entre os artistas plasticos e cineastas que vêm para cá trabalhar, devido à sua luz! A luz do ocidente que invade a cidade durante a tarde dando-lhe um fantastico tom rosado. Lisboa é uma cidade rosada, além da luz há os telhados...
Mas eu fotografo Lisboa à noite, quase sem sair do carro e sempre sem flash. Tenho varias series... os meus noturnos lisboetas.

Retomei o contacto com a minha querida Mafalda ... a menina bonita dos cabelos cor de fogo manso!


Teatro D. Maria ll - (Rossio - Lisboa) ------- pentax430 RS ---- © ledacruz


Cúpula do Panteão Nacional - (Alfama - Lisboa) -pentax430 RS --- © ledacruz

Leda Cruz :: 4:29 PM :: comente ::
:: 16.8.03 ::
Eu adoro este poema do Thiago de Mello, já o li muitas vezes e lerei sempre ... Há coisas que ficam coladas na pele para sempre!
Leiam o poema na íntegra, o título tras um link.

Artigo VIII - Os Estatutos do Homem

Fica decretado que a maior dor sempre foi e será sempre
não poder dar amor a quem se ama
e saber que é a água que dá à planta o milagre da flor.

Thiago de Mello

Leda Cruz :: 9:57 PM :: comente ::
:: 15.8.03 ::
A Meg Guimarães do Sub Rosa está promovendo um concurso literario. É sempre um prazer divulgar iniciativas como esta, portanto o pessoal que faz da escrita o seu bel prazer, (Graças a Deus, o nosso tambem), faça o favor de correr e preencher a ficha de inscrição ... e caprichem porque a concorrencia é forte! Eu, como leitora assídua do Sub Rosa ficarei à espera da publicação dos vencedores!




Leda Cruz :: 10:49 PM :: comente ::
:: 13.8.03 ::
Hoje o Google faz uma homenagem ao Mestre Hitchcock por ser o dia que ele fazia aniversário, por isso voltei a po-lo alí, no meu Cartaz do Dia.






Leda Cruz :: 12:19 PM
:: comente ::
:: 12.8.03 ::
Não sei o que está acontecendo com o meu sistema de comentarios, some, aparece.... some .... sei lá... se tivesse a certeza de que não perderia os meus comentarios, trocava de sistema!!! pfffffffffffffff!

Leda Cruz :: 11:04 PM :: comente ::
:: 7.8.03 ::

Gare do Oriente - Lisboa ------- Lomo - lca ---- © ledacruz

Continua a fazer um calor intenso! Preocupa-me muito os níveis de ozono, o descongelamento dos glaciares, o incendio das florestas, a dimensão maior do que está por tras de tudo isso!
Quero ir para uma praia, e ficar por lá alguns dias enquanto espero pelo dia da mudança para o Porto, por enquanto, fica essa preguiça colado ao corpo, o suor a escorrer devagar, a cabeça um bocado pesada... esse mal-estar e pela primeira vez nestes anos todos, a saudade do frio ...
a gente não sabe mesmo o o que quer!!!
Bem... quanto à foto, sei que não tem nada a ver com o que escrevi, é apenas uma foto que gosto muito. A Gare do Oriente é uma das maravilhas da arquitectura contemporanea em Lisboa.
Quando passar esta onda de calor e os meus níveis de concentração voltarem à normalidade, vou mostrar um bocado mais do processo do meu trabalho ... os meus cadernos de projectos, a concepção e criação das peças, etc... um bocado de " work in progress"...


Leda Cruz :: 7:51 PM :: comente ::
:: 3.8.03 ::
Ai que alívio! finalmente um ventinho fresco entrando pela janela!
Ontem Lisboa teve o dia mais quente dos ultimos 130 anos! A temperatura por volta das 15.00hs passou dos 40º.
O ceu estava cinzento e havia uma estranha névoa no ar. Os níveis de ozono eram assustadores. A televisão emitiu os conselhos da Defesa Cívil, principalmente os cuidados a serem tomados com as crianças e os idosos!
O pior são os incendios nas florestas ... os piores dos ultimos anos, tambem! O fogo cercando tudo, querendo engolir tudo!
Parece mentira, mas em pleno verão estou desejosa que chova! quero sentir o cheiro da terra molhada!


Leda Cruz :: 12:58 AM :: comente ::
:: 31.7.03 ::
Foi uma descoberta! chama-se Rufus Wainwright, tem um nome estranho, é americano e tem uma voz que se impõe!
Tem um disco de 2001, Poses ... do qual creio que a musica "Cigarretes and Chocolate Milk", que é a musica que se ouve ao fazer enter lá no site dele... parece-me conhecida, tipo, esta não me é estranha. Claro que estou a falar por mim, sei que o rapaz já é conhecido por muita gente.
É ele que está ali na minha secção 'Cartaz do Dia', é um link para o seu site. Ao abrir o link, não corram a explorar o site, mas antes desçam até ao rodapé desta primeira página do site e ouçam Oh What A World que é a primeira musica do disco novo. Está alí, não apenas como uma propaganda do disco, mas sim como uma prenda, porque a musica é linda!
Eu adoro e recomendo!

Leda Cruz :: 12:23 PM :: comente ::
:: 29.7.03 ::

Canon - EOS1000 ---- © ledacruz

Em maio deste ano fotografei a obra da Casa da Musica do Porto.
Foi muito bom. Primeiro porque gosto de fotografar assim, quando apetece ou porque tenho um projecto, ou seja: algo pensado com começo e fim. Depois, porque gosto de obras, gosto dos edifícios nascendo de dentro para fora. E este tem as suas particularidades. Uma 'casa' difícil de fazer, um projecto que carregou por um tempo o estígma de inexequível ( outra vez esta palavra na arquitectura). Mas, como muitas coisas neste mundo, bastou juntar vontades e boas-vontades com talento e dedicação! e aí está a Casa da Musica equilibrada em bicos de pé desafiando a credulidade de uma cidade inteira. Está quase pronta a casa onde a musica vai morar!
Breve teremos aqui um link do trabalho do Engº Arthur Neto sobre a construção da Casa da Musica.
Pois... fui lá e fiz as minhas fotos... uma data delas (agradeço ao Sr. José Luis, por ter me mostrado os caminhos mais seguros)
Não fotografei a arquitectura, ou os detalhes tecnicos construtivos... apenas andei com o meu olhar por onde me apeteceu.
De vez em quando mostrarei aqui algumas destas fotos e as brincadeiras que fiz!


Leda Cruz :: 5:51 PM :: comente ::
:: 28.7.03 ::
"Na manhã em que me levantei para começar este livro tossi. Algo estava a sair-me da garganta, a estengular-me.
Rasguei o cordão que o retinha e arranquei-o. Voltei para a cama e disse: Acabo de cuspir o coração.
Existe um instrumento chamado quena que é feito de ossos humanos. Tem origem no culto que um índio dedicou à sua amante.
quando ela morreu ele fez dos seus ossos uma flauta. A quena tem um som mais penetrante, mais persistente do que a flauta vulgar.
Aqueles que escrevem sabem o processo. Pensei nisto enquanto cuspia o coração.
Só que não estou à espera da morte do meu amor."

Pimeira pagina do livro A Casa do Incesto de Anaïs Nin

Leda Cruz :: 2:25 PM :: comente ::
:: 22.7.03 ::
Delicatessen

Hilda Hilst

Você nunca conhece realmente as pessoas. O ser humano é mesmo o mais imprevisível dos animais. Das criaturas. Vá lá. Gosto de voltar a este tema. Outro dia apareceu uma moça aqui. Esguia, graciosa, pedindo que eu autografasse meu livro de poesia, "tá quentinho, comprei agora". Conversamos uns quinze minutos, era a hora do almoço, parecia tão meiga, convidei-a para almoçar, agradeceu muito, disse-me que eu era sua "ídala", mas ia almoçar com alguém e não podia perder esse almoço. Alguém especial?, perguntei. Respondeu nítida: "pé-de-porco". Não entendi. Como? "Adoro pé-de-porco, pé-de-boi também". Ahn... interessante, respondi. E ela se foi apressada no seu Fusquinha. Não sei por que não perguntei se ela gostava também de cu de leão. Enfim, fiquei pasma. Surpresas logo de manhã.
Olga, uma querida amiga passando alguns dias aqui conosco, me diz: pois você sabe que me trouxeram uma noite um pé-perna de porco, todo recheado de inverossímeis, como uma delicadeza para o jantar? Parecia uma bota. Do demo, naturalmente. E lendo uma entrevista com W. H. Auden, um inglês muito sofisticado, o entrevistador pergunta-lhe: "O que aconteceu com seus gatos?" Resposta: "Tivemos que matá-los, pois nossa governanta faleceu". Auden também gostava de miolo, língua, dobradinha, chouriços e achava que "bife" era uma coisa para as classes mais baixas, "de um mau gosto terrível", ele enfatiza. E um outro cara que eu conheci, todo tímido, parecia sempre um urso triste, também gostava de poesia... Uma tarde veio se despedir, ia morar em Minas... Perguntei: "E todos aqueles gatos de que você gostava tanto?" Resposta: "Tive de matá-los". "Mas por quê?!" Resposta: "Porque gatos gostam da casa e a dona que comprou minha casa não queria os gatos". "Você não podia soltá-los em algum lugar, tentar dar alguns?" Olhou-me aparvalhado: "Mas onde? Pra quem?" "E como você os matou?" "A pauladas", respondeu tranqüilo, como se tivesse dado uma morte feliz a todos eles. E por aí a gente pode ir, ao infinito. Aqueles alemães não ouviam Bach, Wagner, Beethoven, não liam Goethe, Rilke, Hölderlin(?????) à noite, e de dia não trabalhavam em Auschwitz? A gente nunca sabe nada sobre o outro. E aquele lá de cima, o Incognoscível, em que centésima carreira de pó cintilante sua bela narina se encontrava quando teve a idéia de criar criaturas e juntá-las? Oscar, traga os meus sais.

Texto extraído do jornal Correio Popular de Campinas-SP, edição de 01-03-1993.



Leda Cruz :: 9:13 PM :: comente ::
:: 18.7.03 ::
ok!
Agora definitivamente vou mudar para o Porto!
Finalmente escolhi o apartamento! já não aguentava mais ver tantas cozinhas à minha frente!! sem contar os disparates arquitectonicos!
Não tenho nada contra os arquitectos, sei que muitos deles são muito criativos e criaturas informadas e contemporaneas!!
O problemas é que eles se situam num patamar que balança entre a tecnica e a criatividade, não são nem engenheiros nem artistas. são arquitectos!! isso seria notável se muitos deles não pensassem que são artistas e muitos não esquecessem que os projectos são para ser executados, portanto: exequíveis! (adoro esta palavra!).
Claro que há arquitectos geniais ... e não sou uma grande conhecedora pra estar aqui a falar de arquitectos, mas lembrei-me de Santiago Calatrava, que fez os cursos de escultura, arquitectura e engenharia, assim, nessa ordem!! portanto penso que para os construtores deve ser mais fácil tranformar um projecto do Sr. Calatrava num objecto construido.
Temos em Lisboa uma das suas obras de referência e uma das nossas obras do sec. XX. falo da Gare do Oriente.
Bem ...como dizia, encontrei o apartamento que reune aquilo que procuro: espaço, luz, uma vista esplendida da cidade (com direito a ver o por do sol no mar) e o contentamento de toda a familia! com preço incluído, claro!!
Bom acho que isso é tudo para uma casa nova!

Leda Cruz :: 11:03 AM :: comente ::
:: 15.7.03 ::
a tradução às vezes deixa muito a desejar!! mas pronto, fiz um link para a tradução deste blog!!
truz..truz...

Leda Cruz :: 6:16 PM :: comente ::

Rio Douro- (Porto) ------ pentax-430RS ------ © ledacruz

continuo a aprender sobre o template... é pura logica e o resto é paciencia!
estou cheia de sono. por isso não vou escrever nada de especial, mas vou por uma fotografia que fiz esta semana e que me deixou muito contente. faz parte de uma série que fiz do reflexo das luzes sobre as aguas do rio douro .. fotografei do carro andando na marginal de gaia ...


Leda Cruz :: 2:00 AM :: comente ::
:: 10.7.03 ::


fim da tarde - antes do por do sol.
Lisboa ----- pentax430RS ----- © ledacruz

esta é a vista da janela da minha casa de lisboa...
tenho uma serie de polaroids desta vista tiradas em diferentes estações do ano.
mesmo mudando para o porto, vou manter a minha casa de lisboa. e vou sentir saudades desta vista nos fins de tarde!

Leda Cruz :: 12:27 PM :: comente ::
já começo a me habituar com a ideia de mudar de lisboa para o porto.
sei que vou gostar de viver aqui, principalmente por ter a família reunida outra vez, embora itana continue a viver em lisboa.
mas sei que esta será a minha principal razão para ir a lisboa muitas vezes! afinal, 3hs de comboio ou quase isso pela autoestrada, não será difícil para mim! amanhã itana vem para cá e vamos juntas ver outros apartamentos!
já tenho o blog com cara nova e mais organizado que o outro!
agora tenho de liga-lo ao mundo e mostrar o meu mundo!!

Leda Cruz :: 1:07 AM :: comente ::
:: 9.7.03 ::
Perdi o comecinho do blog...acidentes de principiante, agora é começar tudo de novo!


Estou no porto e a cidade amanheceu sob um denso nevoeiro!
é assim no porto muitas vezes, mesmo no verão.
continuo a minha demarche à procura do apartamento ideal para comprar, como se fosse possível encontrar!
ando há duas semanas sendo levada para ver varios apartamentos por dia e já comecei a mistura-los ... a cozinha de um, a sala de outro, a vista da varanda de outro....já estive apaixonada por um (e ainda estou), que tem uma fantastica vista para a foz..onde o rio douro entra no mar, uma sala ampla com piso de madeira clarinha!
acontece, que o edificio é antigo, apesar de muito bem construido e sólido, já tem 19 anos ...
pois, enquanto eu me deliciava sonhando com o por do sol visto da janela do estudio, o café na varanda no verão, andar de pés descalços naquele piso clarinho....o meu marido pensava no desgaste da canalização e nos fios eletricos com 19 anos de vida! além do mais, era um apartamento bastante caro!!!
pronto ... amanhã tenho mais dois para ver!!!


Leda Cruz :: 5:52 PM :: comente ::
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